Fonte da Cuba – nascente misteriosa

No lugar de Torres existe uma Fonte, bastante antiga, a que todos chamam Fonte da Cuba. A Associação gostaria de descobrir factos sobre a sua origem e sobre a importância que ela terá tido na fundação desta aldeia, pois sabemos que sem água não se criavam povoações. Dizem as pessoas da terra que era da Fonte da Cuba que seguia água canalizada para o lavadouro público existente na Rua Principal, bem como para um fontanário localizado onde hoje se encontra a atual capela.

Foi numa bela tarde primaveril que um grupo de associados partiu à descoberta da Fonte da Cuba, seguindo a pé pela rua com o mesmo nome.

A paisagem envolvente é composta maioritariamente por vinhas, oliveiras e, ao longe, avistam-se pinhais e eucaliptais.

Percurso da Fonte da Cuba e vinhedos

A Fonte da Cuba está votada ao abandono; necessita de uma intervenção que a dignifique e requalifique, mas também que proteja os transeuntes mais incautos, pois a única proteção existente é uma simples vedação em madeira, mandada colocar pela Junta de Freguesia.

Fonte da Cuba

No inverno, a água transborda, enlameando tudo em redor; no verão, a nascente mantém-se, mas é necessário descer uns degraus para aceder à água. É nesta fonte que se enchem os depósitos dos tratores para tratar as vinhas em redor. Diz a população que nunca a fonte deixou de ter água, mesmo no pico de verão, apesar dos poços de Torres ficarem muitas vezes secos durante a época estival.

Está prestes a ser implementado, pela Câmara Municipal de Anadia, e com o contributo da Associação Recuperar a Aldeia de Torres, um percurso pedestre que passará por este local. Apelamos às entidades competentes para que requalifiquem não só a Fonte da Cuba como o espaço envolvente, de forma a torná-lo ainda mais agradável e encantador para os caminhantes e visitantes.

Percurso da Fonte de Cuba

A pouco e pouco, com a colaboração de todos, o lugar de Torres passará a ter mais encanto e suscitará a curiosidade dos forasteiros!

Torres – notas históricas

Brasão de armas de Vilarinho do Bairro

A toponímia de Torres foi sofrendo alterações ao longo dos séculos. Primeiro, o lugar foi designado por “Turres”, mais tarde, “Torres de Barro” e finalmente Torres.

Torres pertence à freguesia de Vilarinho do Bairro, lugar em relação ao qual já existem referências na primeira metade do século XI. Vilarinho do Bairro estava integrado no bispado de Coimbra e as suas terras e rendas eram pertença das freiras do Mosteiro da Vacariça.

Fruto de pesquisa documental, descobrimos que foi senhor de Torres e Vilarinho o nobre Martim Lourenço da Cunha, quarto neto, em linha reta, da poderosa família dos Cunhas, Senhores de Tábua. Este fidalgo era casado com D. Maria Gonçalves de Briteiros, parente do rei D. Afonso IV, por ser bisneta de um filho bastardo de D. Afonso III. Por este motivo, e como forma de recompensa por serviços prestados ao rei, D. Afonso IV achou por bem conceder a Martim Lourenço da Cunha o Senhorio de Pombeiro (Arganil), que estava, até então, na posse da coroa. Assim, a 3 de fevereiro de 1355, D. Afonso IV fez a permuta da vila de Pombeiro pelos “lugares e torres do bairro e de vilarinho dapar desse lugar”, que eram pertença deste mesmo fidalgo Martim Lourenço da Cunha.

Tudo leva a crer que, a partir desta data, Torres ficou na posse da coroa até que D. Manuel I, em 1515, concedeu carta de foral a Vilarinho do Bairro e aos demais lugares aí referidos, o que se traduziu numa certa autonomia administrativa. Torres é nesse documento mencionado em primeiro lugar, como pagando ao rei rendas em vinho, linho e cereais.

Fontes bibliográficas:

Concelho de Arganil – História e Arte, Ed. Santa Casa da Misericórdia de Arganil, 1983.

Artigos de Coronel Silva Sanches, in jornal “A Comarca de Arganil”.

José Caldeira, Os Cunhas Senhores de Pombeiro – os que se ausentaram e os que ficaram.

José Augusto de Sottomayor Pizarro, Linhagens medievais portuguesas: genealogias e estratégias (1279-1325), vol. II, 1997

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vilarinho_do_Bairro [consult. 23/01/2021]