Matança do porco

Uma tarefa que também se realiza no inverno é a matança do porco. Tentaremos explicar, concretizando, o que se fazia e ainda se faz, hoje, na nossa aldeia.

No dia da matança, faz-se o sarrabulho, que se prepara tal qual nos ensinaram os nossos antepassados.

Confeção do sarrabulho

No dia seguinte, fazem-se, num tacho de cobre ao lume, os rojões de febra, de carnes mais gordas e os do rissô ou “saia da boneca”.

Confeção dos rojões

Nesse mesmo dia, fazem- se também as morcelas ou chouriços de sangue. Passados quatro ou cinco dias, com as carnes de febra que foram, entretanto, temperadas com vinho, sal, especiarias e alho, irão ser feitas as chouriças de carne.

Confeção das morcelas

E por fim, com a carne dos couratos do porco e outras carnes menos nobres, que ficaram também alguns dias em vinho, sal e alho, irão ser feitas as farinheiras, que levam na sua confeção farinha de trigo ensopada com água dos vinhos de alho, as carnes dos couratos e especiarias diversas.

Para que sejam feitos todos estes enchidos, foram previamente lavadas e desinfetadas, com sal e limão, as tripas do animal.

Lavagem das tripas

Estas atividades ligadas à matança do porco proporcionavam um convívio agradável, pois os familiares e vizinhos vinham geralmente ajudar e partilhar o sarrabulho, que era o manjar feito, no dia da matança, para repasto de todos os colaboradores.

Confeção dos chouriços

Torres – notas históricas

Brasão de armas de Vilarinho do Bairro

A toponímia de Torres foi sofrendo alterações ao longo dos séculos. Primeiro, o lugar foi designado por “Turres”, mais tarde, “Torres de Barro” e finalmente Torres.

Torres pertence à freguesia de Vilarinho do Bairro, lugar em relação ao qual já existem referências na primeira metade do século XI. Vilarinho do Bairro estava integrado no bispado de Coimbra e as suas terras e rendas eram pertença das freiras do Mosteiro da Vacariça.

Fruto de pesquisa documental, descobrimos que foi senhor de Torres e Vilarinho o nobre Martim Lourenço da Cunha, quarto neto, em linha reta, da poderosa família dos Cunhas, Senhores de Tábua. Este fidalgo era casado com D. Maria Gonçalves de Briteiros, parente do rei D. Afonso IV, por ser bisneta de um filho bastardo de D. Afonso III. Por este motivo, e como forma de recompensa por serviços prestados ao rei, D. Afonso IV achou por bem conceder a Martim Lourenço da Cunha o Senhorio de Pombeiro (Arganil), que estava, até então, na posse da coroa. Assim, a 3 de fevereiro de 1355, D. Afonso IV fez a permuta da vila de Pombeiro pelos “lugares e torres do bairro e de vilarinho dapar desse lugar”, que eram pertença deste mesmo fidalgo Martim Lourenço da Cunha.

Tudo leva a crer que, a partir desta data, Torres ficou na posse da coroa até que D. Manuel I, em 1515, concedeu carta de foral a Vilarinho do Bairro e aos demais lugares aí referidos, o que se traduziu numa certa autonomia administrativa. Torres é nesse documento mencionado em primeiro lugar, como pagando ao rei rendas em vinho, linho e cereais.

Fontes bibliográficas:

Concelho de Arganil – História e Arte, Ed. Santa Casa da Misericórdia de Arganil, 1983.

Artigos de Coronel Silva Sanches, in jornal “A Comarca de Arganil”.

José Caldeira, Os Cunhas Senhores de Pombeiro – os que se ausentaram e os que ficaram.

José Augusto de Sottomayor Pizarro, Linhagens medievais portuguesas: genealogias e estratégias (1279-1325), vol. II, 1997

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vilarinho_do_Bairro [consult. 23/01/2021]