O lugar de Torres engalanou-se, nos dias 2 e 3 de outubro, para acolher a 2ª Edição da Festa do Bunho e do Junco, uma organização da Associação Recuperar a Aldeia de Torres (ARAT).

Espantalhos junto ao Cruzeiro de Torres

O evento teve atividades diversas e multifacetadas, em sintonia com os princípios que norteiam a ação da Associação: preservar e divulgar as tradições, dinamizar culturalmente a aldeia, sensibilizar para a recuperação do edificado em adobe. Ao longo dos dois dias, houve: no largo da capela de Torres, mostra de artesanato, com artesãos a trabalhar ao vivo o bunho e o junco, assim como exposições de trabalhos artísticos e a presença dos Aidos da Vila e da apicultora Vera; artistas convidados pela Olga Santos Galeria que trouxeram a algumas casas de Torres exposições de fotografia, pintura e desenho; uma mostra de móveis recuperados pela conterrânea Lygia Castelão, que abriu as portas de sua casa. Houve ainda uma mostra de utensílios agrícolas, a exposição dos desenhos do concurso “A nossa aldeia” e a exposição dos bonecos em bunho e junco dos alunos da escola EB de Vilarinho do Bairro. No dia de sábado decorreu um atelier musical para crianças e educadores, um magnífico concerto na capela de Torres, com instrumentos, estilos musicais  e idade dos participantes muito diversificados; contou com a atuação de pequenos músicos entre os 9 e os 11 anos que tocaram piano e flauta transversal, de associados da ARAT que tocaram harpa e piano, de alunos e professores da Groovart-Academia de Artes que tocaram guitarra, piano e clarinete, acompanhando por vezes a voz e de alunos da Banda Filarmónica dos Covões, que tocaram saxofone.

À noite, o grupo Amadeu Mota fez o seu regresso aos palcos, depois de ano e meio sem atividade, tendo tocado e cantado durante quase três horas, para alegria do público entusiasta, que, apesar da chuva, não arredou pé.

No domingo de manhã teve lugar uma entusiasmante palestra sobre o adobe, orientada pelo Professor Doutor Romeu Vicente da Universidade de Aveiro, que cativou um grande grupo de interessados, das mais diversas áreas profissionais.

À tarde teve lugar o cortejo etnográfico, magnificamente alegrado pelos gaiteiros Pé de Cepa e pela participação de representações do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Vilarinho do Bairro, do Centro Cultural e Recreativo de Samel, do Grupo Artístico e Cultural Os Rouxinóis, da Confraria dos Tanheiros de Moçarria (Santarém), e das Confrarias dos Nabos da Púcara e dos Rojões da Bairrada. Os habitantes de Torres trajaram a rigor, recreando ofícios e modos de viver de tempos passados, seguidos pela Banda Filarmónica dos Covões e público em geral, que quis acompanhar o alegre cortejo. No recinto da festa decorreu a atuação da Banda, tendo-se seguido a divulgação dos premiados do concurso de desenho “A nossa aldeia”, que foi dirigido às crianças dos Jardins de Infância de Vilarinho do Bairro e Poutena e aos alunos da escola EB1 da Poutena e escola EB123 de Vilarinho do Bairro. No final, foi cantado o Hino da Associação, com base numa canção da juventude da “avó Lucinda” (natural de Torres, nascida em 1904), recentemente adaptada para hino da Associação com letra da bisneta, Ana Filipa Balancho e com arranjo e orquestração do maestro Fausto Moreira. A tarde estava de sol, o povo animado e os gaiteiros Pé de Cepa encerraram os festejos.

Para além das entidades e associações já referidas, também se fizeram representar nesta festa os artesãos do Centro Social, Cultural e Recreativo da Poutena. Contou ainda com o apoio de imagem e vídeo do Club de Ancas.

Realça-se o entusiasmo, a expectativa dos visitantes e o seu civismo pois, sensibilizados pela atuação da ARAT – que não usou o plástico para servir os comes e bebes -, deixaram os espaços da festa sem vestígios de lixo, atuação facilitada pelo fornecimento, por parte da Câmara Municipal de Anadia, de recipientes adequados para os resíduos.

A ARAT presta o seu profundo agradecimento a todas as associações e entidades participantes, aos nossos associados, amigos e habitantes de Torres, aos colaboradores, aos patrocinadores, à Comunidade Intermunicipal Região de Aveiro e, finalmente, à Câmara Municipal de Anadia, pelo apoio financeiro e logístico. Todos os acima referidos contribuíram para tornar Torres um lugar cheio de cor, alegria, cultura e tradições; apenas com a sua ajuda insubstituível foi possível concretizar esta festa, não obstante todas as dúvidas e constrangimentos inerentes à situação de pandemia que vivemos desde março de 2020. Muito obrigada a todos.

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