Neste nosso interesse em saber o mais possível sobre o passado da aldeia de Torres, também procurámos investigar o porquê da padroeira deste lugar ser a Nossa Senhora do Desterro. Não é fácil encontrar toda a informação pretendida; no entanto, soubemos que Nossa Senhora do Desterro é «o título católico dado à Santíssima Virgem Maria. Representa a fuga da Sagrada Família para o Egipto», quando, após a visita dos Reis Magos, um anjo lhes disse que fugissem, pois o Rei Herodes procurava o Menino Jesus para o matar. Sendo assim, a Sagrada Família foi como que desterrada, obrigada a ir para onde não queria, para proteger o Menino. Em Itália, esta Santa é muito venerada e é conhecida pela Senhora dos Refugiados e é, por isso, protetora dos desterrados, isto é, de todos aqueles que, por vontade própria, deixaram as suas terras para conseguirem melhores condições de vida, ou ainda daqueles que foram mesmo obrigados a deixar o seu país por motivos políticos, guerras ou razões diversas. A verdade é que todos esses partiram com o coração a sangrar porque tinham que deixar a sua terra, lugar donde, a maior parte das vezes, nunca tinham saído. Mesmo assim, partiam na esperança de tudo correr bem e um dia poderem voltar à sua terra natal para ver os seus, matar saudades, construir a sua casa, dar melhores condições de vida aos seus filhos e agradecer à Senhora do Desterro a proteção que sempre Lhe pediram.
No Brasil, a veneração à Senhora do Desterro existe desde a chegada dos primeiros portugueses, isto é, desde a descoberta do Brasil, que permitiu que muitos daqui partissem, mas não esquecessem a santa da sua devoção. São diversas as cidades brasileiras que têm, como padroeira, a Senhor do Desterro.
Sendo assim, é muito interessante e oportuno o nome da santa padroeira de Torres, pois também desta aldeia partiram muitos filhos da terra para procurar, além fronteiras, aquilo que na sua terra natal não conseguiam.
Na pesquisa que fizemos, encontrámos uma oração à Nossa Senhora do Desterro, que adaptámos; desse texto fizemos pagelas que se encontram na capela de Torres, e cujo conteúdo aqui deixamos para todos aqueles que, lá longe, mantêm viva a devoção à padroeira da sua terra querida.
Natália Loureiro