Apanha do bunho

A Lagoa de Torres, que tanto bunho produziu ao longo do século passado, não consegue atualmente satisfazer as necessidades das poucas artesãs da terra. Por essa razão, precisamos de ir buscar esta planta aos campos alagadiços de Perrães.

O bunho, já cortado e seco, é apanhado e feito em molhos.

Este ano não ceifámos o bunho, pois o artesão, senhor Paulo, que nos facilita a aquisição desta matéria-prima, resolveu que o serviço do corte devia ser feito por uma máquina. Assim, já depois de cortado e seco na terra, um grupo de associados dirigiu-se ao local para apanhar o bunho e com ele fazer molhos, que depois foram transportados para Torres e aí guardados.

O bunho, já em molhos, é carregado para as carrinhas.
Sr. Paulo, de Perrães, com um molho de bunho à cabeça, recriando vivências passadas.

O momento foi de franco convívio e, estando o trabalho concluído, partilhou-se uma merenda bairradina, com o privilégio de se contemplar uma bela paisagem, tendo de um lado campos de bunho e do outro verdejantes arrozais.

Desejamos ardentemente que o trabalho artesanal que será feito com este bunho possa ser visto e admirado na festa do bunho, que esperamos poder realizar no próximo mês de outubro, para alegar a nossa aldeia e recriar tradições ancestrais.

Apanha do bunho.

Um dia de convívio

No dia 19 de junho realizou-se uma atividade, organizada pela Associação Recuperar a Aldeia de Torres, que associou caminhada, almoço-convívio e animação cultural, com música ao vivo, canções e poesia.

A caminhada começou, após um aquecimento muscular sob a orientação da Professora Isabel Simões, na Zona Industrial de Vilarinho do Bairro; passou pelos Banhos, atravessou campos agrícolas, vinhas e olivais e terminou na Quinta do Cabeço, em Vendas de Samel. Foi na Adega desta típica casa rural bairradina, cedida gentilmente pelos seus proprietários – Isabel Simões e marido – que se realizou o almoço, começando com aperitivos regionais regados com o bom vinho produzido pela família anfitriã. No exterior da adega foi servido o almoço, no qual não faltou o famoso leitão assado.

O dia era de festa, pois a nossa seleção de futebol jogava com a Alemanha. Por isso, a bandeira nacional foi colocada num lugar de destaque.

Após o almoço, seguiu-se um interessante momento cultural. Marianne van Gool-Moerings e Susana Silva executaram, a quatro mãos, algumas peças para piano; a Professora Graça Pereira trouxe poemas alusivos à vida no campo e, de uma maneira muito acessível, introduziu os presentes na análise interpretativa dos mesmos, que abordavam situações e realidades nas quais todos nos podemos retratar. Os convivas foram incentivados a participar na leitura dos poemas e a cantar; outros poemas foram declamados pelo Professor António Ceiça e a Professora Dina Rosa interpretou a letra da muito conhecida canção de António Variações – “Estou Além” – que todos aproveitaram para cantar de seguida. A sócia honorária D. Graciete Pereira brindou-nos também com uma cantiga da sua juventude.


Marianne van Gool-Moerings e Susana Silva, a quatro mãos

Fazendo um balanço da atividade, verificamos que foi um dia de agradável convívio e franca confraternização, a par da oportunidade de nos enriquecermos mutuamente do ponto de vista cultural, com a partilha de saberes, experiências e artes.

Canções da juventude das senhoras de Torres
Análise interpretativa de um poema de Fernando Pessoa
“A Procissão”, de António Lopes Ribeiro

Com esta atividade a Associação procurou angariar alguns fundos para poder recuperar três das muitas Alminhas que em tempos passados existiram no lugar de Torres, num total de dezasseis, sendo que atualmente só existem seis. Porque elas fazem parte da religiosidade do nosso povo e do património da nossa aldeia, estamos empenhados neste projeto.