Com o objetivo de descobrir factos históricos relacionados com o lugar de Torres, a nossa pesquisa conduziu-nos ao nobre Martim Lourenço da Cunha, senhor dos lugares e torres do bairro e de vilarinho dapar desse lugar, e essas demandas levaram-nos de seguida ao contacto com a povoação de Pombeiro da Beira, local para onde partiu este nobre em 1355, após uma permuta de terras concedida pelo Rei D. Afonso IV.

Como este ano queremos recrear com rigor histórico a cerimónia da permuta e partida deste fidalgo para um novo senhorio mais para o interior do país, a Associação Recuperar a Aldeia de Torres (ARAT) achou por bem contactar a Junta de Freguesia de Pombeiro da Beira para, in loco, poder recolher mais informações sobre este nobre que já é quase nosso familiar. O pedido foi aceite e, tendo-nos a Câmara Municipal de Anadia gentilmente facultado um transporte, lá partimos à descoberta, com muito entusiasmo, na sexta-feira, dia 15 de março.

A surpresa não podia ter sido mais gratificante. Em frente ao cuidado edifício da Junta de Freguesia tínhamos a receber-nos o Presidente da Câmara Municipal de Arganil, o Presidente da Assembleia Municipal, o Presidente da Junta de Freguesia de Pombeiro da Beira e a professora Graça Lopes que, muito bem documentada, nos serviu de cicerone.

No auditório da Junta de Freguesia toda a comitiva, vinda de terras bairradinas, ouviu com muito agrado as palavras de boas vindas endereçadas por todas estas individualidades e recebeu com espanto e gratidão uma pequena brochura feita expressamente para o nosso grupo na qual nos era apresentada, com investigação credível, Os Cunhas Senhores de Pombeiro. Os que se ausentaram e os que ficaram.

Como prova do nosso agradecimento, oferecemos lembranças da nossa associação e também as que a Junta de Freguesia de Vilarinho do Bairro nos fez portadores. Foi ainda dada a possibilidade à Presidente ARAT de explicar como começou todo este processo de valorização e preservação do património de Torres, quer de memórias e tradições, quer do património edificado, e lembrar o orgulho que sentimos ao descobrir a presença do nobre que desde o século XIV possibilita o estreitamento de laços entre habitantes da faixa marítima e os do interior, estes últimos ocupando territórios entre as serranias do Caramulo e da Estrela.

Depois de todo o cerimonial ser cumprido, abandonámos o auditório e, todos juntos, partimos rua abaixo, observando, com interesse, edifícios com séculos de história, casas beirãs, monumentos históricos ou religiosos e reparámos no asseio das ruas e dos espaços particulares decorados com muita originalidade e aproveitamento.

Muito próximo da artéria principal pudemos admirar o pelourinho manuelino, a capela de Santo António e a Igreja Matriz. É de realçar o valor patrimonial das alfaias religiosas em prata e prata dourada, datadas do séc. XVI, contemporâneas do 6.º senhor de Pombeiro, João Álvares da Cunha, existentes neste templo. Mas o que mais atenção nos despertou foi o túmulo manuelino onde está sepultado Mateus da Cunha, 7.º Senhor de Pombeiro. O túmulo é trabalhado em pedra d’ Ançã, da autoria de Diogo Pires-o-Moço. O valor e beleza desta obra é indiscutível, pelo que foi classificada como imóvel de interesse público.

Visitámos ainda com muito agrado a capela da Nossa Senhora do Loureiro, a lápide romana, a capela da Rainha Santa Isabel e o recinto da feira e romaria de Santa Quitéria, cujas festividades se perdem no tempo e se realizam no dia um de novembro, vindos romeiros de muito longe para saborear os tradicionais torresmos feitos na hora e comprar as broinhas bentas.

A hora de almoço merece também um reparo especial, pois o restaurante O Telheiro esmerou-se no acolhimento e confeção da nossa refeição, com sabor caseiro inconfundível. Neste repasto oferecido estiveram também presentes os nossos anfitriões, com quem trocámos experiências e falámos de particularidades das nossas regiões que nos enriqueceram reciprocamente.

Todos estes momentos foram retratados pelos nossos repórteres convidados, Carlos Louro e Cristiano de Jesus. Desta forma, esta visita irá perpetuar-se nas nossas memórias e estes registos farão parte do acervo da nossa associação.

Entendemos também que este nosso encontro irá proporcionar futuros momentos de convívio e de estreitamento de laços, que acreditamos que irão decorrer já muito em breve, por ocasião do 2.º Mercado Medieval que terá lugar na Lagoa de Torres, no próximo mês de julho. Bem-haja, Pombeiro da Beira!

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