O improvável aconteceu na aldeia de Torres

A História juntou em Torres, no passado dia 13 de julho, os mais altos representantes autárquicos do concelho de Arganil, da freguesia de Pombeiro da Beira, do concelho de Anadia e da freguesia de Vilarinho do Bairro.

O motivo de tão importante encontro foi o nobre fidalgo Martim Lourenço da Cunha que viveu, até 1355, em “tôrres do bairro e de villarinho dapar desse lugar”. Nesse ano, por motivo de escambo ou permuta com o valente e destemido rei D. Afonso IV, o nobre Cunha recebeu o senhorio de Pombeiro da Beira e deu em troca estas terras bairradinas, que foram pertença da coroa até ao reinado de D. Manuel I que, em 1515, concedeu foral a Vilarinho do Bairro.

Deverá ser motivo de regozijo, para todos nós, ter tal personalidade, em tempos tão recuados, a viver nestas paragens. Ao apelo que fizemos aos habitantes de Pombeiro, depois de os termos visitado no passado mês de março, eles vieram até Torres numa grande comitiva, dando mais realismo à recriação histórica que, no adro da capela de Torres, teve lugar na tarde do dia 13 de julho, atividade integrada no programa do Mercado Medieval na Lagoa de Torres. Para perpetuar a memória de Martim Lourenço da Cunha e a ligação entre Torres e Pombeiro da Beira, foi descerrada uma placa comemorativa, sob a iniciativa da Associação Recuperar a Aldeia de Torres.

Quero agora referir que se não tivéssemos pensado, há cinco anos, que devíamos criar uma associação para promover a nossa aldeia que se encontrava totalmente abandonada, sem interesse para os naturais que partiram ou para qualquer possível visitante, hoje Torres não teria a visibilidade que tem. Não teria sido agraciada com a certificação de Aldeia de Portugal, não teria tantas casas reconstruídas e não seria o lugar escolhido para a realização do Mercado Medieval de Anadia, que já vai na segunda edição

Gostaria de fazer um apelo ao município de Anadia para que não deixasse de restaurar a Fonte da Cuba, uma fonte de mergulho que ameaça ruir e que, com ela, desaparecerá o pouco património edificado que possuímos. Gostaria ainda de incentivar os que partiram desta antiga e próspera aldeia a que regressem, restaurem as suas casas, continuando a preferir o adobe, e que deste modo, além de darem projeção à terra dos seus laboriosos antepassados, possam viver com qualidade de vida num lugar tão saudável e acolhedor.

Natália Loureiro