A par do leitão, a chanfana faz também parte da gastronomia da Bairrada, sendo confecionada em muitas casas, quer por altura da Páscoa quer por ocasião das festas religiosas nos diversos lugares.
Lembro-me que, antes de existirem estas regras apertadas de higiene alimentar, na sexta-feira da semana da festa da aldeia, os cabreiros – donos das cabras – passeavam os seus animais pelas ruas do lugar e as famílias vinham à porta escolher a rês que pretendiam. Pagavam e levavam para casa o animal vivo. Ao fim do dia, o cabreiro voltava para abater a cabra, ali mesmo no pátio do comprador. A rês era de seguida pendurada num lugar fresco e escuro para escorrer até ao dia seguinte, altura em que o dono da casa a esquartejava e em seguida a sua mulher preparava as caçoilas com a carne e os temperos para irem ao forno de lenha a assar.
Hoje, o processo é o mesmo, só que a carne de cabra é comprada no talho, pelo que o consumidor não sabe a origem nem o modo como o animal foi alimentado. Tudo isto é fruto do progresso, que nem sempre traz as melhores soluções.
Nesta Páscoa, não fugi à tradição e confecionei a minha chanfana, como a seguir irei mostrar.
Natália Loureiro
As caçoilas estão prontas para irem para o forno.