Sendo um dos objetivos da Associação Recuperar a Aldeia de Torres a revitalização e recuperação das atividades e tradições bairradinas, a mesma vai dinamizar uma vez mais a atividade das Coroas de Maias, organizando, no dia 30 de abril, pelas 15h00, um workshop subordinado a esta temática, na Adega do Avelar, em Torres.
Será uma oportunidade para, entre todos os participantes, trocar ideias que permitam aprender, reaprender ou transmitir conhecimentos sobre esta tradição às gerações futuras.
A atividade estará aberta a todos os interessados, que deverão fazer-se acompanhar dos materiais necessários para a construção da sua coroa ou do seu espantalho. A formadora Isabel Esteves dará orientações para a melhor concretização de cada projeto. Todos os projetos realizados serão propriedade do seu autor, que poderá, deste modo, contribuir para a divulgação e perpetuação destas tradições na nossa região. A Associação irá registar fotograficamente e divulgar todos os trabalhos realizados. Haverá, no final, um lanche-convívio para todos os participantes.
Não deixe de aparecer nesta atividade cultural e recreativa!
“Ricos-homens, gentis-damas e boas gentes deste povoado. Forasteiros, viajantes e demais povo que se ajuntou no adro desta capela, escutai o que irei proclamar.”
Assim anunciou o arauto, com rufar de tambores, a chegada do mui digno Infante D. Pedro, filho do rei D. Afonso IV, ao lugar de Torres. Tudo aconteceu no passado dia 4 de março, em Torres, por iniciativa da Associação Recuperar a Aldeia de Torres que tentou, com mais esta atividade, recordar e reavivar a história da localidade. Para tal, aproveitou uma lenda local, transmitida oralmente desde tempos imemoriais, que denomina alguns terrenos da localidade de Torres como o “Vale D. Pedro”. Recriou, assim, um episódio fictício, por altura de 1354, da passagem do infante D. Pedro pelas terras do senhor que à data detinha a sua posse, o fidalgo D. Martim Lourenço da Cunha que, por parte da mulher, D. Maria Gonçalves de Briteiros, era ainda aparentado com o rei D. Afonso IV. D. Pedro, acompanhado do seu séquito de fidalgos, damas e homens de armas, terá vindo para reconhecimento dos bons serviços prestados ao reino pelo dono das terras de Torres, D. Martim Lourenço da Cunha, e aí terá pernoitado em casa do seu anfitrião.
Aproveitando este contexto histórico, a Associação Recuperar a Aldeia de Torres promoveu uma ceia medieval, onde nenhum pormenor foi deixado ao acaso. Todos os intervenientes, fidalgos e gente comum, se trajaram à época, e foram receber a comitiva real, ao largo da capela de Torres. O fidalgo D. Martim Lourenço da Cunha congratulou-se pela visita do príncipe e recebeu-o com honrarias e um lauto banquete, nos espaços da Adega do Avelar.
O ambiente da época foi criado pelo grupo “Episódio”, que orientou as várias atividades da tarde e caracterizou o espaço com inúmeros adereços: peças de artilharia, ferramentas das várias artes e ofícios da época, espadas e adereços de combate. O arauto foi anunciando aos participantes os vários momentos da tarde: oferecimento à população de sardinhas e torresmos, atuação do grupo musical “Xamaril” e o jantar em honra de D. Pedro.
Todos os convidados se sentaram a uma longa mesa onde não faltaram os habituais petiscos da época; serviu-se caldo rijo e galinha mourisca, peras bêbedas e tigeladas, receitas recuperadas dessa época longínqua. Todo o ambiente foi medieval, desde os trajes dos comensais aos dos cozinheiros e empregados de mesa, passando pelos momentos de animação: para além da música, encenaram-se episódios relativos à desavença entre D. Pedro e seu pai D. Afonso IV, motivada pelos amores do príncipe pela dama castelhana D. Inês de Castro.
A noite estava fria e chuvosa, mas ninguém parecia querer deixar a Adega do Avelar. Foi, sem dúvida, uma noite fantástica em que as tradições e a história reuniram de novo as gentes de Torres, de agora e de outros tempos.