Não queríamos acreditar. A nossa artesã, que com todo o entusiasmo preparou, na tarde anterior à sua partida, o pão de ló que ela tão bem sabia fazer e sempre queria partilhar em ocasiões festivas, tinha-nos deixado para sempre. Não consigo esquecer o entusiasmo, a alegria que sentiu, quando há alguns anos lhe falei do projeto da nossa Associação e do prazer que teríamos em receber dela os ensinamentos para se voltar a fabricar, na aldeia, as já esquecidas esteiras. Claro que a obra da Dona Graciete não vai desaparecer com a sua partida física; ela poderá continuar a ser visionada nos documentários realizados pelo CineClub Bairrada e pelo projeto Memórias da Aldeia.
Adeus, Dona Graciete. Partiu, tal como as saudosas D. Dolores e D. Zaíra, as artesãs de Torres que desde o primeiro momento aceitaram o desafio da Associação Recuperar a Aldeia de Torres para retomarem o fabrico de esteiras em bunho. Não as esqueceremos, pois fizeram parte do ponto de partida do nosso projeto para recuperarmos as tradições da nossa querida aldeia, o que contribuiu grandemente para a valorização de Torres.
Natália Loureiro